Entrevista: Karine Ribeiro

09 de junho de 2021

Conversamos com Karine Ribeiro, tradutora de Agora que ele se foi da Elizabeth Acevedo, recentemente publicado pela Editora Nacional. Confira abaixo:

 

1) Karine, tudo bom? Antes de começarmos, conte um pouco sobre você. 

 

Tudo ótimo. Eu sou uma mineira de 24 anos que cresceu cercada de livros, e sempre foi o meu sonho trabalhar com eles. Comecei a escrever ficção bem cedo, e para manter a literatura encaixada na minha rotina, decidi cursar Letras. Hoje sou graduanda em Letras – Tradução Português-Inglês pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entrei no mercado editorial em 2015 como revisora, e de lá para cá trabalhei em mais de 100 títulos. Nos últimos dois anos, expandi meu trabalho para a tradução literária, que é onde realmente me encontrei.

 

2) Como foi traduzir Agora que ela se foi, da Elizabeth Acevedo? O fato dele ter sido escrito em versos tornou a tradução mais trabalhosa?

 

Foi uma delícia. Não me canso de dizer que esse livro é o meu xodó. Foi um processo muito divertido porque há anos eu não tinha contato com o gênero YA. Comecei esperando um universo mais leve e saí tendo vivido uma jornada de autoconhecimento junto com as protagonistas. Foi ótimo poder trabalhar em um livro tão cheio de sensibilidade e representatividade ao tratar de um tema tão sensível como o luto. Não diria que o fato de ter sido escrito em versos tornou a tradução mais trabalhosa. Sim, eu já havia traduzido versos, mas nunca um romance escrito nesse formato. De início, foi um susto, mas o ritmo da escrita da Acevedo é contagiante, e eu acredito ter absorvido muito rápido o estilo dela, então foi bastante tranquilo.

 

3) Elizabeth Acevedo é um nome conhecido no slam e isso se reflete na sua escrita. Quais as dificuldades que você encontrou para tornar o texto tão fluído também em português?

 

A Acevedo é um fenômeno. Poucos escrevem como ela, mas a escrita é de uma simplicidade e leveza que transbordam. Senti que foi muito tranquilo me deixar inundar pelo poder e ritmo da narrativa. Depois de algumas páginas eu já havia entendido o tom e a voz de cada protagonista, e foi fácil conduzir a partir daí.

 

4) O livro trata de assuntos como racismo, sexualidade, violência contra mulher e muitos outros. Você acha que esses pontos conversam com o que acontece no Brasil?

 

Muito. O Brasil, infelizmente, vive uma onda de conservadorismo e pensamento retrógrado que não é segredo para ninguém. É muito triste que ainda hoje precisemos lutar contra tudo isso, mas é um bálsamo que as editoras estejam investindo pesado em trazer livros excelentes que discutam temas tão pertinentes, ainda mais para o público jovem. Enquanto traduzia, pensei exatamente no público-alvo da obra e como ela pode ser, de muitas maneiras, um alento e uma luz para a pessoa que está passando por essa etapa de formação e se vê confrontada com um desses temas no dia a dia. Afinal de contas, a literatura não apenas nos embala e conduz, tal qual uma mãe. A literatura ensina e transforma.

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